Solidão

Será que mais um plano vai ficar na gaveta, na minha memória ou no HD? Ainda guardo as mensagens... Sala redonda e varanda.
Meu mundo são dois. Meu drama nasceu há muito tempo e não termina nunca.
Por que me olham? Por que se aproximam e depois vão embora?
A vida é um sopro... às vezes o sentido da vida evapora.
A maior parte da população não sabe por que sofre. Tenho as respostas e sou incapaz de resolver meu mundo. No entanto, não quero ser Proust nem morrer cedo.
Não quero terminar de escrever... Quero me sentir feliz no final do dia. Ignorante e feliz.

Viva a Farofa!

Seis meses se passaram e eu ainda não dei uma cara nova pro Farofa...
Parece até que estamos vivendo em função das lições do Farofa. Escrever ou deixar de escrever é sempre um aprendizado. Para escrever, eu tiro um tempo e deixo umas palavras me escolher.

E se nunhuma me escolhe, eu me contento.
Foram seis meses de união: prosa e poesia. E não tenho do que reclamar.
Na verdade, todas essas palavras escodem segredinhos a respeito de muitas vidas.
Viva o Farofa! Viva a Farofa, porque não importa o gênero. Todos são bem vindos e todas as idéias nos interessam.
Seis meses de farofa!

Muita história pra contar,
coisas que só a farofa entende!

Eu nunca assinei nenhuma de minhas postagens, assim como a Ia, também, não! Achava que era pra preservar muitas das coisas que disse sobre mim, implícitas nos meus textos, mas, hoje, posso perceber que o motivo não era esse! O motivo é que uma acaba escrevendo pela outra sem, muitas vezes, perceber!
Sincronicidade... e uma amizade de duas décadas!
Ia, tenho certeza que Deus me mandou pra esse mundo porque sabia que eu teria você pra cuidar de mim, me ouvir e me entender! E que você precisaria de mim da mesma maneira!
Obrigada por ser presença pra mim!
SEMPRE!

Parceria não só na prosa e na poesia, por isso a farofa é diferente!

Ah, obrigada aos amigos que estão sempre aqui!

Bi.

Conversa de meninos [tempo e poesia]

Volta pra terra do nunca menina,
que tem vento de tristeza por lá soprando!
Volta pra terra do nunca menina,
que tem vento de tristeza por lá sobrando!

Aqui, a tristeza anda pentelhando,
assim como os meninos da terra do nunca!
A menina quer voltar!
Quer sentir os ventos de lá,
e não só sonhar com eles!

A menina quer brincar!
Da janela, ouve as risadas...

Tristeza pra cá, tristeza pra lá...
Tem algo errado na poesia!
Sobra tanta falta que faltam palavras
e assim, falta poesia...

Falta tempo pra poesia!
Falta a alegria dos meninos de lá!
Falta a menina que mora de cá!
Ela vai ter que aprender
a trasformar o faltar em ser!
Enquanto aprende a crescer...

A menina ouve passos,
corre menina!
Esconde os brinquedos embaixo da cama!

Obrigada por me chamar de volta pra terra do nunca menino do tempo!

Em comemoração.

Tira essa flor da cabeça!
Deixa ser besta!
Joga esse orgulho no lixo, ou na casa do vizinho chato!
Abre caminho que eu "tô" chegando!
Abre caminho que eu já "tô" passando!
Pra mostrar pra esse povo
quem veio primeiro, a galinha ou o ovo!
Quem inventou a moda?
E a mania de "modar" todo mundo?
DEIXA EU PASSAR MOÇO!
"Tô" cheio de prosa, muita história pra contar!
Põe as crianças pra dentro,
que os segredos do mundo eu vou revelar!
Põe as crianças pra dentro,
que o porque de crescer só eu sei falar!
Põe as crianças pra dento,
que com o medo do escuro eu vou acabar!

- Anda logo meu filho, "tô" com a panela no fogo!
- Deixa de ser besta! Fala logo que tenho mais o que fazer!

- Salve, salve! Meus senhores, senhoras, senhoritas e todo o resto! Olhem lá dentro!

Piadista irrelevante.

Ah, um beijo pra cronista!

O segredo das palavras

Estou num daqueles dias em que fico parada olhando... às vezes não gosto de pensar. É, pensar no sentido de procurar explicações pra tudo que vejo e fico tentando ver o que ainda não percebo mas que vou conseguir apreender e então volto ao ciclo novamente. Um pouco mais velha e cansada. Porém sou tomada pela curiosidade e me sinto uma criança.

É o ciclo eterno de viver.

O que me levou a fazer isto ou aquilo eu sei, mas por quê? Esta pode não ser a pergunta certa. Talvez seja a pergunta mais cretina, porque não existe um fato principal. A partir do momento em que perdi o vínculo com o universo maternal e passei a dividir espaço neste ventre maior, sofro influências externas. Se antes o que me determinaria era o fator genético, agora há o fator global além do genético. Escrever depois que se cresce é escrever sobre o que todo mundo já sentiu, mas que alguns ainda não sabem como dizer.
Levei dois anos para me ligar a este mundo. Não sei se durante esse tempo as crianças podem ter esclarecimentos importantes a respeito da vida. É uma hipótese. Não sei se pude ver que ficaria triste alguns dias. Chorava muito, minha mãe já disse. Já me joguei de uma escada... não me lembro de nada disso, pois não sabia falar ainda. Não gostava de ser filha única. No entanto, isto eu consigo explicar. O que eu não sei determinar é o fato que desencadeou isso tudo.

Eu prefiro assim.

Tenho gostado de pintar novas histórias,
rabiscar papéis de pão,
agendas de telefones...
Aliás, joguei a minha fora ontem.
Colorir feito criança,
até pintar o rosto e as mãos...
Os móveis da sala também.
Cor e rir.
Tenho gostado de ser criança.
Ao menos, por hoje.

Tenho gostado de ser inesperado,
de ser simples e banal,
esboço de pintura abstrata
se é que ela me permite o ser.
Ela sabe ser arte, a arte permitirá!
Tenho gostado de você,
mesmo que eu não o saiba ainda.

Vou jogar tinta na parede.
Lembrar o que era antes do preto e branco,
da velha fotografia achada embaixo da cama.
Vou dormir no sofá.
Só. Ou não.

Fui embora!
Deixei ontem!
Até amanhã!

Fui ser ARTE...

Ser inteiro, sem metades, por favor!

Acho que vou escrever uma nova música.

De um lugar pra outro (ou de um site pra outro): perfil

Deixei de ser expectadora de mim mesma pra estar no palco.
Do palco a visão é privilegiada.
Às vezes sou atriz; às vezes, diretora. Às vezes quero ficar atrás das cortinas e quando todos estão saindo, fica o silêncio das emoções.
Estar no palco possibilita ter o controle do que você é, corrigir os erros do passado e sonhar com o futuro.
Estou muito bem com essa mudança. Sinto que não sou só mais uma. Pressinto uma grande responsabilidade.
A gente tem que pensar que a vida é uma só. E é a arte que deve imitar a vida.

Poderia morrer se parasse de me emocionar com a vida...

Pra não dizer que não falei... que não postei!

"Ia, amiga de primeira década
pensa antes de mim
o que penso em pensar
sabe ser pra mim
o que penso em estar!"

Amigos, amigos...
Às vezes dá vontade de parar o tempo só pra conservar esse sentimento.
Queria ter uma casa bem grande pra caber todo mundo,
queria ter mais tempo pra visitar todos,
gostaria de não saber que a vida pode levar meus amigos pra longe de mim a qualquer instante... Mas sou jovem e não fico pensando nisso.
E o mais importante: tenho um pedacinho de cada um deles!!!

As rimas são
pobres, simples, mas os meus amigos são a riqueza mais rara deste mundo.
São amigos de prosa, de poesia, de música, de infância, de família, de semanas, de eternidade, de passado, de presente, de futuro, de dia, de noite, de cerveja, de água, de chuva, de sol, de trabalho, pra toda vida!!!

Preciso comentar...

Uma vez prestei bastante atenção às mãos de um guitarrista e pensei: será que é assim que ele toca as mulheres?
Já percebi também que o som só me toca quando o músico e o instrumento viram uma coisa só. Usei a palavra coisa por falta de outra que explique melhor o que eu vejo às vezes. Na verdade, há um tempo que não aparece ninguém assim, que pareça ser músico e instrumento.
Hoje estava procurando uma poesia e encontrei "Uma mulher chamada guitarra". Todo mundo sabe que Vinicius era um consquistador. Eu prefiro pensar em músicos e seus instrumentos, seja homem ou mulher.
Mas o texto me cativou tanto no fim...
"Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua."
Nessa parte, tudo bem lançar mão de uma metonímia...

E tem horas que a gente precisa ceder e ser um pouco instrumento...

De Vinicius de Moraes...

"Uma mulher chamada guitarra


Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era 'a música em forma de mulher'. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam un mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina - viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo - o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres- contrabaixo.
Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em beneficio de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.
Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer 'passado na cara' por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.
Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado - contra o peito - lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seu tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua."